segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dar nome aos bois

A seleção canarinho voltou da África do Sul derrotada. Derrotas fazem parte da vida, porém muitos poucos estão preparados para elas. Só somos derrotados verdadeiramente quando não as aceitamos e não aprendemos com os fracassos da vida. Os treinadores e jogadores investiram tempo e dedicação para chegar a um momento especial de suas vidas, de estarem representando seu país em um campeonato mundial, o qual ocorre de quatro em quatro anos, sendo que alguns pela idade não terão a oportunidade de se redimirem do fracasso.

A sensação de frustração é enorme, o abatimento é natural, pois todos almejam a vitória. Na história há vencedores e perdedores. Dependendo do ângulo que se enxergue podemos dizer que eles não  foram vitoriosos.

Em meu entender, no entanto, num campeonato mundial de futebol, não existe perdedores ou vencedores. Existe o time melhor preparado. A busca por culpados é inútil, aprender com os erros é melhor. Não existe, mais seleções ingênuas, elas estudam os adversários, seus pontos fortes e fracos. Claramente, na derrota do Brasil para a Holanda vimos que estes vieram com a intenção de provocar os brasileiros na parte mais sensível que foi demonstrado nos jogos anteriores, que foi o aspecto emocional. Um jogador mostrou bem que não tinha autocontrole, ao ser provocado revidava. Até mesmo o mais equilibrado da seleção não manteve a cabeça fria diante da provocação dos adversários.

A falta de autocontrole foi visível. Um time tem que manter o equilíbrio emocional tanto nas vitórias quanto nas derrotas, até mesmo para conseguir se refazer de reveses que acontecem nas partidas.

Desta feita, não há que culpar somente a comissão técnica e os jogadores mas toda a estrutura montada do futebol nacional, que privilegia o despotismo, não renova os dirigentes, não trabalha adequadamente os jogadores. A demissão apenas da comissão técnica, demonstra claramente o clima ditatorial, a culpa é deles. Nós não fizemos nada.

Os clubes brasileiros não tem mais condição de reter os jogadores no Brasil, os melhores logo vão atuar em times estrangeiros, cujos campeonatos foram até a véspera dos jogos do mundial. Os jogadores que a comissão técnica podia contar, já que foram eles que conquistaram o direito de ir ao mundial, estavam cansados de atuar em seus clubes. Todo um trabalho para se selecionar um grupo foi jogado por terra, pois o treinador não pode contar com todos em plena forma.

A estrutura do futebol brasileiro, está arcaica. Os dirigentes de clubes necessitam se desfazer de seus melhores jogadores aos clubes estrangeiros para fazer caixa. O problema é estrutural do futebol nacional.

O mais fácil a fazer é jogar culpa na comissão técnica e demitir, apesar do excelente trabalho realizado. A seleção não desistiu, se esforçou.

Se quiserem o verdadeiro culpado, busquem naqueles que dirigem o futebol nacional, e que não controlam adequadamente os clubes, não regulam as atividades futebolísticas no país. Existem vários problemas na negociação de jogadores com o estrangeiro, não existe normatização adequada, não existe fiscalização. Existe sim um verdadeiro “cala boca”. Até uma comissão parlamentar de inquérito não foi adiante no sentido de investigar a fundo os desmandos do futebol nacional.

Emfim, se existe um verdadeiro culpado...vamos dar nome aos bois. Mas um nome de peso, e não naqueles que se esforçaram e fizeram o melhor que podiam diante das condições adversas.




Contra a Maré da Intolerância

Em tempos de sombras e desilusão, Ergue-se a voz da razão, Contra a maré da intolerância, Plantamos sementes de esperança. Educação é a chav...