No
verso da música de Cazuza, cujo título neste texto rememoro, encontra-se a frase
emblemática que hoje geram discussões acaloradas devido ao momento político que vivemos onde se deseja combater a ideologização de nossos jovens por teorias
marxistas/lenistas.
É
claro que a ideologização no sentido pejorativo é prejudicial aos nossos jovens
que veem na elite dominante o inimigo número um para os anseios de uma
sociedade justa, fraterna e igualitária.
Sendo
lógico, também, que os jovens se encontrem atraídos para essas filosofias
chamadas de esquerda, pois a maioria são filhos de pessoas que estão
localizadas entre as denominadas classes pobres e médias baixas, as quais têm
que lutar diariamente para se manterem com o básico para suas sobrevivências.
Esse
público torna-se uma presa fácil para a doutrinação, pois já vêm sofrendo com
um histórico social e familiar de opressão de empregadores, de elites
dominantes, e de circunstâncias que tem que enfrentar no dia-a-dia, tais como:
alimentação precária, falta de moradia, transportes inadequados, saúde
precária, salários baixos, lazer comprometidos, etc.
E
caso um governo queira que este ciclo seja quebrado, há que demonstrar a que
veio, com a criação de políticas governamentais que não privilegiam
determinadas categorias de pessoas, em detrimento das demais, tão somente pelos
seus títulos, cargos, profissões ou posições sociais.
É
certo que a implantação desse modelo é muito difícil de estabelecer em uma
sociedade já acostumada a ter privilégios estabelecidos, sem uma ruptura
abrupta, visto que historicamente o Brasil foi governado por elites dominantes,
que se compunham de reis importados, militares, proprietários de fazendas
cafeeiras, empresários, cujos interesses não eram senão manter suas cotas de
privilégios, contrariamente aos interesses da maioria da população.
Assim,
fica complicado para um governo que queira continuar a privilegiar determinadas
categorias, quebrar tal ciclo, pois mesmo com o desmonte de determinadas nichos
estruturais, ele ainda vai continuar a se perpetuar, devido à falta de
compromissos sérios com a extinção de verdadeiras castas sociais criadas
especialmente para se manterem no Poder.
Por
outro lado, qualquer outro tipo ideologização que não seja equilibrada na
sociedade tende também a acirrar os ânimos fazendo com que se criem uma
variedade de grupos no seio da sociedade, que se digladiam entre si, criando-se
mais e mais divisões no meio social.
Portanto,
o verdadeiro combate consiste em fazer que um povo se una em torno do bem comum, onde não se privilegie ninguém, onde todos sejam tratados como cidadãos
pertencentes a um mesmo ideal de liberdade, igualdade e fraternidade, pois ao contrário do que pensava Marx, a consciência do homem é que determina a realidade social.
As
classes sociais surgem na medida em que se criam privilégios a determinados
grupos, pois alega-se que merecem tratamento diferenciado por exercerem
atividades que necessitam de tratamento especial. Ocorre, que caso seja
aplicado na sociedade os ideais de igualdade, não se necessitariam de
tratamentos diferenciados, pois os problemas que constantemente vemos são decorrentes
justamente dessa falta de tratamento igualitário dos cidadãos de uma cidade ou
pais.